sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O Sonho da Razão Produz Monstros (Os Caprichos, 1796)

"O Sonho da razão produz monstros"!!

Essa frase do Goya, sempre me ajudou a entender e a analisar como o conhecimento científico ou acadêmico acaba, de certa forma, contribuindo para alavancar essa forma de pensamento, principalmente no campo da saúde.

Mas ultimamente eu tenho pensado, que estamos vislumbrando um certo excesso de academicismo. Pois, tenho percebido uma influencia desse processo pós-moderno, inclusive no relacionamento humano. A impressão que eu tenho é de que, quanto mais contato com a ciência, mas racional a pessoa vai se tornando.. não estou dizendo que ser racional é algo ruim, questiono o excesso, e principalmente a sua excessiva aplicação nas relações humanas, que acabam por se torna demasiadamente individualizadas, a tal ponto que, o sentimento do outro, as vivencias, as emoções, são negligenciadas por serem consideradas inferiores.. patéticas até. Onde vamos parar? Se o interessante nos relacionamentos humanos é a diversidade! A possibilidade de conhecer outra pessoa, de se comunicar com ela, de conhecê-la, de descobri-la, de admirá-la na sua diferença! Não sou favorável a excesso de sentimentalismo, mas tenho percebido um excesso de racionalismo.. e falo que isso ocorre em todos os níveis de relacionamentos! Se, temos a tendência de julgar os outros, temos que tentar ao menos nos colocar no lugar do outro, tentar entender seus sentimentos, suas vivências, compreender sua forma de pensar, de viver.....
As pessoas se aproximam das outras tentando aproveitar o máximo que pode delas, sem envolvimentos mais aprofundados, sem envolver-se emocionalmente, será que isso é possível? A impressão que eu tenho, é de que se tem uma falsa sensação de liberdade, sou livre e por isso as pessoas podem passar pela minha vida sem me causar grandes impactos, isso seria uma condição de sobrevivência individual da pós-modernidade?! Dentro dessa perpectiva as pessoas vêm e vão, uma da vida da outra, sem de fato serem percebidas, conhecidas, valorizadas ou amadas... acho lamentável, as pessoas acabam se privando de amar, de se frustrar, com medo de ser rejeitado (a), de viver mais intensamente as emoções!
Não acho que as pessoas possam nos preencher, acredito sim que somos humanos, e por isso, necessitamos do convívio, de carinho, de nos sentirmos amados, queridos, valorizados! Quero não acreditar que as pessoas tenham se tornado tão racionais a ponto de deixarem de se envolver emocionalmente como outras por medo de descobrir que de fato precisam das outras pessoas... o que nos faz humanos, não seria justamente a nossa convivência com outros seres humanos, e em sociedade? Fica aí essa observação, quero pensar mais sobre isso...
Afinal, existem pessoas que só mostram uma pequena parte daquilo que são....

3 comentários:

  1. Léia.
    Maravilhoso e verdadeiro texto
    as pessaos que se deixam diminar pela racionalidade, perdem muito da vida, porque viver é emoção e emoção é sentimento.
    E acho que as pessoas dominadas pela razão, suprimem a emoção, por medo que a emoção possa torná-los bobo ou imbecil.
    Por isso, podemos notar que muitas pessoas seríssimas, quando bebem um pouco, deixam aflorar a emoção e ai sim ficam ridículos, porque tudo o que foi reprimido vem à tona numa avalanche de sentimentos contraditórios.

    bjs

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  2. Oi querida!Como se pudéssemos viver em bolhas individuais!! A impressão que tenho, é de que vivemos a síndrome do melhor não! Você dá a mão a pessoa pega o braço, porque não falamos, olha estou te dando minha mão, não o meu braço! Mas o que fazemos, nos esquivamos, nos fechamos, precisamos ter clareza do que estamos dispostos a compartilhar com o outro, para não sermos invadidos ou invadirmos... bjs

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  3. O duro mesmo é perceber que nós podemos ser inconvenientes sem percebermos.."Quem um dia irá dizer que existe razão. Nas coisas feitas pelo coração?"

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